Como construir um haras funcional – Parte 2

Estábulos / Cocheiras, Masterplan / Implantação de Haras e Hípicas

Localização geográfica é definitivamente o fator mais importante na escolha de materiais e métodos construtivos. Desde os métodos indígenas de construção, o estilo era resultante do clima local. Pense por exemplo, em um telhado que é projetado para regiões onde neva frequentemente: Ele deve ser íngreme o suficiente para “lançar” a neve para fora de modo que ela não se acumule na cobertura.

Deve-se levar em conta também que construções de celeiros e estábulos não tem a mesma linguagem que edificações comuns. Elas podem necessitar de sprinklers e outros itens de segurança contra incêndio. Em Wellington por exemplo, o código de construção exigia que as estruturas fossem a prova de furacões. Holly Matt, designer equestre, lembra que uma vez tentou colocar portas e janelas galvanizadas de alta qualidade importadas da Alemanha. “Elas eram perfeitas para o clima das cocheiras em Wellington, porque mesmo com uma pintura especializada o metal eventualmente enferruja se não galvanizado por dentro”, mas primeiro elas deveriam ser oficialmente aprovadas contra furacões pela Florida e só assim poderiam ser instaladas.

“As pessoas estão percebendo que todos os estábulos são diferentes” afirma Martinolich, “e eles precisam ser planejados para diferentes raças, tipos de animais (garanhões, éguas prenhas, com potro ao pé, atletas, etc..), diferentes localizações, diferentes donos e suas preferências..”. Se você vai investir dinheiro, faça isso corretamente.

Voltando a história (clique aqui para ver o post anterior) de que os estábulos devem funcionar como uma máquina e não simplesmente como uma edificação, não é adequado construir mezaninos “eles podem ser românticos, mas simplesmente não fazem mais sentido” afirma a arquiteta Lachlan Oldaker, além deles, lajes (ou forros), também não são eficientes pois podem comprometer o funcionamento das cocheiras como uma máquina. Afirma John Blackburn.

“As pessoas me perguntam, por que cocheiras com claraboias na Flórida ou Texas? Elas só vão deixar as baias e corredores mais quentes. Bem, nós queremos que fique quente, porque assim você cria uma diferença de temperatura enorme no cume da cobertura, o que leva ao efeito chaminé. O calor aumenta. Quando você combina isso com o efeito Bernoulli que puxa o ar para fora, você obtém uma brisa refrescante mesmo em um dia quente. Um bom celeiro não precisa de luzes (durante o dia) ou ventiladores.”

A arquiteta Holly Matt complementa, “muitos pavilhões de cocheira não tem ventilação adequada. Cavalos precisam de 5 a 10 vezes mais de ar fresco que os homens porque seus pulmões são muito maiores, o que pode parecer bom para nós, não é adequado para eles. Cavalos dependem de limpeza e ar puro para se manterem saudáveis durante os anos. O sistema respiratório dos animais é frágil e para manter eles na melhor forma devemos prover ventilação em três níveis do estábulo: Na cobertura, com aberturas que permitam a saída do ar quente e bactérias; no nível principal, com portas e janelas, divisórias vazadas o máximo possível; no nível do piso das baias através de aberturas ou frisos embaixo das portas, partes inferiores vazadas, permitindo que a amônia e poeira sair da baia.” Todos os três níveis de ventilação tem a mesma importância e devem ser previstos de forma a criar um meio ambiente saudável para a performance do seu cavalo.

Todos os arquitetos, especialistas em arquitetura equestre concordam que colocar clarabóias, iluminação e ventilação zenital é a maior mudança positiva que se pode ter na arquitetura de um celeiro. Passou a ser uma norma.

E porque não? Skylights (ou iluminação e ventilação zenital) promove o dobro de benefício,  com iluminação e ventilação natural. “iluminação e ventilação são as maiores ‘soluções sustentáveis’ a se considerar ao projetar em uma cocheira”. Joe Martinolich do CMW Equine architects, completa “além disso, elas deixam as cocheiras muito mais apresentáveis. Quando você entra em um estábulo umido, escuro, você quer sair imediatamente. Agora entrar em um local iluminado e ventilado, seja um estábulo ou uma pista coberta, você não tem vontade de sair.

Esse sentimento de brilho, elevação, pode ser ainda mais realçado com simples soluções como pintar o teto de branco. O branco reflete a luz, um picadeiro indoor por exemplo, com claraboias em seu perímetro e uma cobertura branca, nunca precisaria de iluminação elétrica durante o dia. O ideal é utilizar uma cobertura opaca (ao invés de vidro totalmente transparente), desta forma, você desfoca as sombras e pode evitar que os animais se assustem.

Da mesma forma que a localização afeta o estilo das cocheiras, também afeta a escolha dos materiais. Muitas pessoas adoram a madeira, seu visual, seu conforto, aquela sensação de acolhedor que o material tem, além disso, a primeira vista é mais econômico do que colocar portas vazadas de metal por exemplo. “As pessoas gostam da estética das cocheiras de madeira, mas aí temos os problemas de manutenção, risco de incêndio e alguns cavalos tem o hábito de morder ou roer. E uma vez que é pintada ela tem que frequentemente ser repintada para ter uma aparência aceitável, nós alertamos os proprietários para que tenham toda informação antes de tomar qualquer decisão”

Martinolich costuma recomendar blocos de concreto a seus clientes que querem construir celeiros, estábulos e cocheiras. “eles tem uma durabilidade razoável, são resistentes ao fogo e podem ter acabamentos finais que vão do clássico ao rústico”. Se trata de uma solução interessante pois pode ser econômico a longo prazo. 

Clique aqui para ver a publicação completa na revista Equestrian Quartely

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