Este post é um complemento a primeira publicação (Amônia, fora da minha cocheira – Parte 1), onde falaremos sobre as instalações e cuidados na manutenção.
Cama e revestimento do piso
Além de ar fresco, o outro ingrediente para o controle de amônia é a gestão. A “cama” é útil para absorver a urina e fezes. Um estudo revelou que a palha do trigo reduziu amônia do ar (mas não necessariamente pó), mais do que a cama de serragem, muito usada no Brasil.
Wheeler comenta: “Uma solução é forrar as baias com camada extra onde o cavalo fica a maior parte do tempo. Uma ligeira inclinação no chão tende a espalhar as poças de urina desse local para uma absorção melhor. A remoção frequente da cama suja, pelo menos uma vez por dia, é a chave para o controle de amônia.”
Ela acrescenta: “piso poroso (terra batida, barro ou pó de pedra) retém a umidade da urina (e associados odor / vapores) que chega até ele. No entanto, o revestimento impermeável (concreto) é muito duro para cavalos aí confinados o dia todo.” O uso de redes ou entrelaçados permite que a urina escoe sob eles, onde não seriam acessíveis aos materiais absorventes ou a limpeza.
Alguns tipos de pisos de borracha podem ser usados para amenizar a dureza do concreto, podendo ser retirados para a limpeza semanal.
Compostos que absorvem amônia
Um estudo esclarecedor (University of Kentucky, 2000) indicou que apesar da limpeza diária, níveis elevados de amônia persistem perto do chão em baias não tratados com compostos de absorção de amônia. Mazan comenta: “É um pouco preocupante quando vemos que um estudo como este mostra que, apesar da cama de serragem e limpeza diária da baia, a amônia ao nível do piso sobe de 2,5 a 228 ppm. A situação é pior para potros que ficam mais tempo deitados.”
A urina contém ureia (um produto do metabolismo de proteínas) que é “dividido” (hidrolisado) em amoníaco e dióxido de carbono através da ação da enzima uréase, uma proteína encontrada em bactérias associadas com as fezes e materiais de revestimento que tenha sido contaminada com fezes. Wheeler relata que existem dois pontos em que este processo pode ser interrompido de forma eficaz: “A primeira é através da alimentação de uma dieta reduzida em proteínas (satisfazendo os requisitos do cavalo), que resulta em menor teor de ureia na urina e, portanto, menos amoníaco.” (alguns suplementos alimentares têm sido utilizados em ruminantes para limitar a produção de amônia e poderia ter bom para uso em cavalos, observa).
Wheeler continua, “O segundo é parar a hidrólise de ureia, negando acesso à enzima uréase. No entanto, uréase é onipresente em baias de cavalo. Alguns produtos contem inibidores de uréase. Cal hidratada, teoricamente, poderia reduzir a amônia através da criação de um ambiente hostil, básico (pH elevado), que diminui a sobrevivência de bactérias contendo uréase”.
Uma terceira opção é evitar que a amônia seja levada pelo ar depois de formada. Muitos produtos comerciais estão disponíveis com essa finalidade. Wheeler relata, “Zeólitos (minerais que absorvem água e gases) têm uma alta capacidade de absorção de moléculas de amoníaco; clinoptilolite é um zeólito típico usado para camas de animais. Outro produto é terra de diatomáceas que rapidamente absorve água, reduzindo assim o potencial para a uréase molecular contendo bactérias que formam amônia”.
Cuidados na baias
Muitas estratégias utilizadas para eliminar amônia, também diminuem a irritação das vias aéreas causada por poeira, com uma vantagem adicional de eliminar atrativos para moscas. Esses incluem:
- limpar as baias uma ou duas vezes por dia, para remover toda a cama encharcada de urina e troque toda a cama pelo menos semanalmente.
- Tirar os cavalos das baias durante a limpeza para minimizar a exposição a gases de amônia, que são agitados com o movimento e arremessados com o material da cama.
- Providenciar boa drenagem nas baias e corredores para facilitar a saída de urina e, regularmente, limpar sob as esteiras.
- Usar materiais absorventes e eficientes para a cama.
- Misturar um produto neutralizante de amônia com a cama limpa.
- Providenciar boa ventilação nas baias e evitar o seu fechamento quando possível.
- Instalar fendas para entrada de ar nos beirais que ficarão abertos durante todo o ano para permitir entrada de ar fresco.
- Deixar os cavalos ao ar livre, em todas as oportunidades, para oferecer um ambiente de ar puro.
Cuidado com os equinos nunca é demais, esperamos que vocês também tenham aprendido com este artigo.
Referência desse texto é da Nancy S. Amoroso, DVM
Nancy S. Amoroso, DVM, possuí uma clínica- Loving Equine Clinic, em Boulder, Colorado, e tem um interesse especial na gestão do cuidado de cavalos de desportes. Seu livro, All Systems Go é sobre o cuidado veterinário e condicionamento de recursos veterinária abrangente em cores, que envolve todos os aspectos de cuidado com cavalos. Ela também é autora dos livros ‘Go the Distance’ como recurso para proprietários de cavalos de resistência, também ‘Conformation and Performance’ (conformação e desempenho) e ‘First Aid for horse and rider’ (Primeiros Socorros para o cavalo e cavaleiro), além de muitos artigos veterinários para proprietários de cavalo e público profissional.